Nesses dez anos de casamento, muitas coisas aconteceram. Passamos pelas mais variadas situações, algumas fáceis e aprazíveis, outras difíceis, por vezes impossíveis. Mas em todas elas percebemos a graça do Senhor. Concretizamos sonhos e continuamos a caminhar na realização de tantos outros que o Senhor nos tem dado. Durante todo o tempo nosso maior foco e propósito tem sido fazer o que está no coração do Pai, nos lugar onde Ele estiver se movendo nos últimos dias.

 

Foi um processo longo até realmente entendermos esse propósito para as nossas vidas, principalmente para a vida e ministério do meu esposo. Aliás, PROPÓSITO será uma palavra chave nesse meu breve relato. Para entender o propósito, levou tempo e muita oração. Quando nosso casamento condiz com nossa busca ministerial e com o cumprimento do propósito de Deus, tornamo-nos mais compreensíveis como esposas, como mulheres que almejam que o sacerdócio do cônjuge seja realizado. Nas sábias palavras de Provérbios 31:23, a mulher virtuosa faz com que seu marido se assente entre os anciãos da Terra. Ministerialmente, Deus tem levado meu esposo a lugares altos, e é uma honra participar disso.

Para entender o ministério de meu esposo e encará-lo como um ministério de toda a nossa casa, precisei fazer muitas renúncias. Para que o Reino seja expandido, há sempre o que renunciar. Esses sacrifícios são penosos, dolorosos, mas nos levam a entender a graça e aperfeiçoam nosso relacionamento com Deus. Curioso que, a cada renúncia vencida, percebemos que não foi assim tão difícil, e que o que recebemos de Deus foi muito maior. 

 

O Senhor tem colocado nas mãos de meu esposo um ministério muito relevante e a primeira renúncia que se fez necessária para mim foi referente à presença física dele, todos os dias ao meu lado, principalmente depois de termos nossos filhos. São muitas viagens. Mas foi importante saber a Quem o estava renunciando e para qual propósito: pensar nisso fez com que eu me tornasse mais flexível. Saber por quem e por quê renunciamos o que renunciamos é crucial!

Por vezes me perguntam como eu aguento o tipo de ministério exercido pelo meu esposo. Na verdade, algumas tentativas de desencorajamento surgem com as perguntas que muitas vezes vêm em tom de crítica, como se administrássemos mal nossa família ou nossa vocação. Mas eu amo tanto o meu Senhor, o Deus que me criou e que me sustenta com tanto amor e graça, que sigo acreditando no chamado que Ele nos deu, na maravilhosa visão que tem dado ao meu esposo. Como eu poderia lutar contra os projetos do Pai? 

 

Nunca tivemos dúvida de que a família vem em primeiro lugar, obviamente depois do Senhor. Mas vejo meu esposo presente na família, embora ausente fisicamente. Estando no ápice de seu chamado, ele está mais presente do que em outras épocas, quando viajava menos fisicamente mas parecia estar mais “ausente”, com desgastes e pensamentos que o faziam peregrinar. Portanto, a compreensão do propósito de Deus para nossa vida é nosso valor maior, e nos faz caminhar como família sem exigir qualquer coisa que esteja fora deste propósito. Nossos filhos crescem entendendo esse propósito, e vivendo a missão para a qual vivemos.  

Na verdade, são muitas as compensações! As principais são internas, pois se revelam na nossa intimidade com Deus. Mas há outras várias, como ver nossos filhos crescendo e sabendo que não existimos só para nós, que tudo o que temos é para ser dividido com os povos, inclusive o tempo e o esforço do “papai”. Não há presente maior do que vê-los crescendo e entendendo esta prioridade. Elas amam a obra missionária, e isso não tem preço!