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CONTATO

Cinema para crente : isso dá certo?

Esta é uma das características mais fortes do novo cinema cristão. Não há evangelicalismo nem religiosidade nos roteiros, mas lições e valores traduzidos em imagens que terminam evangelizando de forma mais eficiente do que a maioria das pregações que vemos por aí. 

Durante muito tempo filme “evangélico” foi sinônimo de produção de baixíssimo custo, com elenco fraco e inexpressivo e roteiro frágil recheado de furos. Isso para falar o mínimo. Pode até funcionar quando se é criança. Digo isso porque quando eu era garoto, assisti O Peregrino (Pilgrim’s Progress, EUA, 1979) e fiquei muito espantado e até encantado. Lembro-me de ver o filme exibido em praça pública, em uma sessão promovida pela igreja, como parte de um evento evangelístico. Acontece que anos depois pude assistir o filme novamente e constatar o quão fraco e constrangedor o filme de fato era, sem que eu - com a mente de criança - percebesse. As atuações eram amadoras, o roteiro absolutamente previsível e os (d)efeitos especiais quase inexistentes. Definitivamente O Peregrino não fazia jus à obra original de John Bunyan, um clássico da literatura inglesa, estudado por acadêmicos em vários países.

Esta realidade durou até cerca de dez anos atrás, quando uma igreja americana chamada Sherwood resolveu produzir filmes para ensinar o público princípios cristãos sem abrir mão da qualidade cinematográfica. A Sherwood Pictures lançou, em 2003, A Virada, um drama feito na base da colaboração voluntária dos próprios membros da igreja, e que se tornou um imenso sucesso, chamando a atenção da Sony Pictures, que logo vislumbrou a possibilidade de distribuir filmes segmentados, dirigidos ao público evangélico americano. Três anos depois veio Desafiando Gigantes (Facing the giants, 2006), e o sucesso foi ainda maior, pavimentando a estrada rumo à bilheteria histórica de Prova de Fogo (Fireproof, 2008), 33 milhões de dólares mundialmente, frente a um custo de apenas 500 mil dólares.

De fato, todos os filmes da Sherwood são exemplos de como é possível fazer filmes de qualidade sem que a mensagem do Evangelho deixe de ser pregada.

Em 2011 a Sherwood lançou sua empreitada mais ambiciosa: Courageous, uma história sobre a importância do relacionamento entre pais e filhos, tendo como pano de fundo a rotina de policiais de uma pequena cidade. Com um custo de 2 milhões de dólares, o filme rendeu 34 milhões em todo o mundo, e teve um lançamento recorde para filmes cristãos nos EUA: mais de 1000 salas exibiram-no em sua estreia.

Os filmes da Sherwood abriram espaço para que outras pequenas produtoras realizassem seus longas e também colhessem bons frutos nas bilheterias e na aceitação da crítica. Dentre os mais bem sucedidos, cito Para salvar uma vida (To save a life, 2009), com uma temática voltada para os jovens, O Poder da Graça (The grace card, 2010) e o mais bem sucedido de todos: Soul Surfer - Coragem de Viver (Soul Surfer, 2011).

 

Diferente de outros filmes cristãos, Soul Surfer tem um orçamento considerado alto para este tipo de produção: 18 milhões de dólares, bem gastos para contar a história real de Bethany Hamilton, uma adolescente surfista promissora que perde um braço em um ataque de tubarão no Havaí; apesar do acidente, ela volta a competir e se torna uma surfista de sucesso, sempre se firmando na fé em Deus.

Trata-se de uma história inspiradora e com uma produção caprichada em cada detalhe. O filme dirigido por Sean McNamara tem um elenco estrelado, com AnnaSophia Robb (Ponte para Terabítia), Helen Hunt (vencedora do Oscar por Melhor é Impossível) e Dennis Quaid (O Dia Depois de Amanhã), e acaba se sobressaindo dos demais exatamente por ter um alcance que vai além do público evangélico e acaba pregando o evangelho sem ser doutrinário.





































Aliás, esta é uma das características mais fortes do novo cinema cristão. Não há evangelicalismo nem religiosidade nos roteiros, mas lições e valores traduzidos em imagens que terminam evangelizando de forma mais eficiente do que a maioria das pregações que vemos por aí.

Na próxima coluna, falaremos sobre outros filmes cristãos modernos, e algumas bombas que mais falam contra do que favorecem a pregação da Palavra. Até lá!

Filipe Malafaia

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