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​Não há dúvida de que ter uma grande amiga com quem dividir as experiências da adolescência é algo divertido e bastante enriquecedor. Mas existe outra forma, mais íntima,  talvez mais solitária, porém não menos importante com a qual as meninas podem “compartilhar” os acontecimentos do dia a dia de uma época em que quase tudo é novidade: escrever um diário.

Em um diário, relata-se de tudo um pouco: desde pequenos acontecimentos cotidianos, até fatos mais significativos, que podem ter tido efeito traumático, ou gerado grande frustração. Dessa forma, o pequeno caderno funciona não só como fonte de registro histórico, que no futuro pode levar a autora a grandes emoções ou gargalhadas, mas também como uma forma de permitir à menina elaborar experiências delicadas pelas quais passou.
A escrita permite certo distanciamento entre aquele que escreve e o conteúdo narrado. Assim, ao relatar suas vivências, a menina tem a oportunidade de rever a situação  por outro ângulo e reavaliar suas escolhas e condutas. Até mesmo a carga emocional atribuída a cada fato pode ser modificada, pois é comum que, estando muito envolvida em determinado acontecimento, este seja sentido com uma intensidade desproporcional, ou seja, fazemos “tempestade em copo d´agua” quando estamos por demais submersos em uma situação.  Ao escrever, é possível que a adolescente perceba que aquilo que tanto a aflige não é tão relevante assim.
Mas além de funcionar como ferramenta de apoio ao desenvolvimento emocional e ao auto conhecimento das meninas, não há como negar que a confecção de um diário é uma grande brincadeira. Em geral, eles são coloridos, cheios de desenhos, figuras, recortes de revista... Isso faz com que ele se torne um espaço para a criatividade correr solta!
Para os pais, é importante controlar a curiosidade (que pode aparecer sob o disfarce de desejo de proteção da filha) e preservar a privacidade das meninas. As experiências relatadas em um diário são íntimas, e dizem respeito apenas a quem as escreveu. Ter seus segredos escancarados para os pais pode ter efeito devastador para uma adolescente.
Se pais e mães querem conhecer melhor suas filhas, e saber o que anda acontecendo em suas vidas, a melhor saída continua sendo uma boa conversa. Oferecer-se como ouvinte atento, sem julgamentos ou críticas precipitadas é uma maneira de estabelecer com os adolescentes uma relação de confiança, que pode fazer com que os pais se tornem, quem sabe, um amigo tão leal quanto o “querido diário”.

 

Milene Oliveira de Macedo